Flora

               No Morro do Osso a vegetação natural é constituída por formações vegetais de sete dos onze tipos encontrados em Porto Alegre: a mata higrófila; a mata mesófila; a mata subxerófila; a vegetação arbóreo-arbustiva de campos pedregosos (moitas arbóreo-arbustivas); capoeiras, vassourais e os campos pedregosos.

                A mata higrófila, um tipo de floresta alta e úmida, com muita influência da Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica), é muito encontrada nos fundos do vale e nas encostas sul do Morro dos Ossos. Por causa da sua localização favorável a mata desenvolveu uma vegetação de maior porte e com maior riqueza florística, podendo atingir de 15 a 20 metros de altura com vários estrados. No estrato superior, podem ser encontrados com frequência o tanheiro (Alchornea triplinervia), a figueira-purgante (Ficus insipida), a canela-ferrugem (Nectandra oppositifolia), a corticeira-da serra (Erythrina falcata), o pau-de-malho (Machaerium paraguariense) e a canjerana (Cabralea canjerana). No estrato médio (maior que 7 e menor que 15m), estão presentes o catiguá  (Trichilia clausenii), o cinzeiro (Hirtella heblecada), a maria-mole (Guapira opposita), o jerivá (Syagrus romanzoffiana) e o pau-de-tamanco (Dendropanax cuneatum). O estrato inferior (maior que 2,5 m e menor que 7 m) está representado por arvoretas como a laranjeira-do-mato (Gymnanthes concolor), o cincho (Sorocea bonplandii), a batinga (Eugenia ramboi) e o pau-de-cutia (Esenbeckia grandiflora). No estrato arbustivo (até 2,5m) tem o cafeeiro-do-mato (Psychotria spp), pariparoba-do-mato (Piper gaudichaudianum) e as taquarinhas (Chusqueasp). Entre as espécies características da Mata Atlântica que ocorrem na mata higrófila as que mais se destacam são: o tucum (Bactris setosa), o bacupari (Garcinia garderiana), e o sobraji (Colubrina glandulosa). Essa comunidade é uma das que corre mais risco devido à proximidade com as áreas urbanas voltadas para a Avenida Coronel Marcus, sofrendo rápida ocupação na base do morro.




canela-ferrugem (Nectandra oppositifolia)




pau-de-cutia (Esenbeckia grandiflora)



                A parte média é ocupada pela mata mesófila, aérea intermediária entre os ambientes secos e úmidos do morro, e é geralmente encontrada em locais com condições não tão extremas. Entre as suas principais espécies destacam-se o chá-de-bugre (Casearia sylvestris), o açoita-cavalo (Luehea divaricata), o tarumã (Vitex megapotamica), o camboatá-vermelho (Cupania vernalis), o camboatá-branco (Matayba elaeagnoides) e o chal-chal (Allophylus edulis).


açoita-cavalo (Luehea divaricata)



                A mata subxerófila, comunidade característica de ambientes mais secos e solos mais rasos com maior exposição a vento e sol, é normalmente encontrada nos topos ou nas encostas superiores do morro atingindo de 8 a 12 metros de altura. Grande parte dessa vegetação apresenta adaptações à seca, tais como folhas endurecidas e de tamanho reduzido. A aroeira-brava (Lithraea brasilienis), a capororoca (Myrsine guianensis), o cambará (Gochnatia polymorpha), o branquilho (Sebastiania serrata) e o camboim (Myrciaria cuspidata e Myrciaria delicatula), são algumas das espécies mais abundantes nessa mata.


O Morro do Osso apresenta ainda, algumas espécies arbóreas sob possível ameaça de extinção, tanto regional quanto nacionalmente. Enquadra-se na categoria de vulnerável, de acordo com a Sociedade Botânica do Brasil (1992), a canela-preta (Ocotea catharinensis), que esta sujeita a destruição do seu hábitat na sua área de ocorrência. Há também alguns espécimes que a Lei Estadual 9519/ considera imune ao corte, como: a corticeira-da-serra (Erythrina falcata) e as figueiras-domato, do gênero Ficus, em questão, F. luchnatiana, F. insipida, e F. organensis. Além disso, há espécies como o sobraji (Colubrina glandulosa), o gamirim-de-folha-larga (Eugenia florida), a caroba (Jacaranda micrantha), o pau-de-malho (Machaerium paraguariense) e o pau-gambá (Albizia edwalii) que possuem uma distribuição muito restrita no Rio Grande do Sul.


            sobraji (Colubrina glandulosa)



caroba (Jacaranda micrantha)

Os campos pedregosos, comunidades herbáceo-arbustivas, são típicos das áreas de topo ou com orientação norte, sendo que a cobertura herbácea é formada, basicamente, por gramíneas, compostas e leguminosas. Eles caracterizam-se pela riqueza florística, apresentando mais de 200 espécies vegetais, algumas com grande seletividade e adaptações particulares à seca e ao fogo ocasional através de órgãos subterrâneos desenvolvidos. Entre os variados tipos de vegetação também podem ser encontradas espécies raras como a borragem-miúda (Moritzia ciliata), o botão-de-ouro (Schlechtendalia luzulifolia), a orquídea-das-pedras (Epidendrum fulgens), e os gravatás-daspedras (Dyckia choristaminea e D. leptostachya).
                                                

            orquídea-das-pedras (Epidendrum fulgens)



gravatás-das pedras (Dyckia choristaminea)

Em locais alterados pela ação humana ou em áreas de transição do campo para a mata podem ser encontradas as formações arbustivas de capoeiras e vassourais. São típicos da vegetação das capoeiras o fumo-bravo (Solanum mauritianum), a grandiúva (Trema micrantha) e várias espécies de vassouras (Eupatorium spp. e Baccharis spp.). Os vassourais apresentam certa homogeneidade fisionômica, sendo mais comuns a vassoura-vermelha (Dodonaea viscosa) e a vassoura-branca (Baccharis dracunculifolia).


fumo-bravo (Solanum mauritianum)



vassoura-vermelha (Dodonaea viscosa)




Perfil da vegetação do Morro do Osso elaborado por Paulo Brack.

                             Comparando-se a lista de espécies encontradas no Morro do Osso com a de espécies sob ameaça de extinção, tanto regional quanto nacionalmente, segundo a Sociedade Botânica do Brasil (1992) e/ou a Lei Estadual 9.519/1992, pode-se constatar a importância dessa Unidade de Conservação, que possui 29 espécies ameaçadas de extinção.